O CEO da farmacêutica Vitamedic, Jailton Batista, confirmou à CPI da Covid nesta quarta-feira (11) que a empresa financiou anúncios em jornais do país a favor do tratamento precoce para a covid-19.
O tratamento precoce, defendido pelo presidente Jair Bolsonaro e por médicos do país, estimula e receita o uso de medicamentos sem eficácia comprovada para a doença causada pelo coronavírus. Entre os quais está a ivermectina, fabricada no Brasil também pela Vitamedic.
O pedido, contou Batista, foi feito pela Associação Médicos pela Vida e a empresa prontamente aceitou custear as publicações em vários meios de comunicação do que chamou de "estudo técnico" dos profissionais de saúde.
Ao ser questionado se achava ética a divulgação de um anúncio defendendo remédios sem eficácia e que beneficiaria diretamente a empresa, o executivo respondeu de forma vaga que a alta procura de remédios contra a covid justificava o anúncio.
"Antes dessa publicação, que aconteceu em 16 de fevereiro, a empresa já tinha registrado um manifesto em atendimento à forte demanda do mercado, independentemente da opinião dos médicos."
Ele também confirmou que a farmacêutica não financiou qualquer estudo para confirmar o efeito da ivermectina em doentes com covid.
Em defesa da empresa, Jaílton Batista disse que a publicação não defendia apenas a ivermectina.
"Esclareço que o manifesto não é exclusivo da Vitamedic. Não é a favor da ivermectina. É um estudo que trata de uma série de produtos", acrescentou.
A Vitamedic foi alvo de um requerimento de informações aprovado em junho pela comissão. De acordo com relatórios enviados à CPI, apenas as vendas da ivermectina saltaram de 24,6 milhões de comprimidos em 2019 para 297,5 milhões em 2020 — um crescimento superior a 1.105%. O preço médio da caixa com 500 comprimidos subiu de R$ 73,87 para R$ 240,90 — um incremento de 226%.
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