A Polícia Federal deu início na manhã desta segunda-feira à Operação Daemon, que mira a prática de administradores que decretam falência de forma criminosa. Entre as acusações aos investigados estão estelionato, lavagem de capitais, organização criminosa, delitos contra a economia popular e o sistema financeiro nacional.
Cerca de 90 policiais federais cumprem na região metropolitana de Curitiba um mandado de prisão preventiva, quatro mandados de prisão temporária e vinte e dois de busca e apreensão. Também houve a decretação judicial de sequestro de imóveis e bloqueio de valores.
As investigações contra a organização suspeita pela prática dos crimes citados foram iniciadas em 2019, pela Polícia Civil do Paraná.
Os investigados eram responsáveis pelo controle de três corretoras de criptomoedas e, com pesado investimento em estratégias de marketing, passaram a atrair diversos clientes para que investissem recursos pessoais nas plataformas do grupo.
Por cerca de dois anos, as atividades foram conduzidas com aparência de legalidade até que, em meados de 2019, da maneira súbita, o grupo noticiou que havia sido vítima de um ataque cibernético e bloqueou todos os saques de valores das plataformas das corretoras.
Foi instaurada uma apuração criminal sobre o suposto ataque dos hackers, solicitada pelo próprio grupo empresarial junto à Polícia Civil. Contudo, os administradores deste grupo retardavam o andamento das investigações, recusando o fornecimento de informações e documentos para o desfecho da apuração, ao passo em que prometiam aos clientes lesados o ressarcimento, de maneira parcelada, da integralidade dos valores depositados.
Os débitos pendentes não foram quitados sob a justificativa de acordos extrajudiciais oficializados e pela alegação do andamento da investigação para a apuração do ataque cibernético.
Os indícios revelavam que eles não tinham sido vítimas de ataque e eram na verdade suspeitos das práticas dos crimes de estelionato, quadrilha e contra a economia popular.
Com a manifestação das autoridades estaduais sendo desfavorável ao grupo, o líder das empresas, no final de 2019, decidiu e obteve sucesso no pedido de recuperação judicial. Com isso, conseguiu a interrupção de todas as ações cíveis que respondiam as empresas e autorização para continuação das atividades de negociação de criptomoedas.
No início de 2020, após ser constatado que o grupo oferecia ao público contratos de investimento coletivo sem registro junto à Comissão de Valores Mobiliários, o caso foi para a Justiça Federal. Foi quando a Polícia Federal, com o aprofundamento das investigações, denunciou que o grupo empresarial teria operado um esquema de pirâmide financeira.
As apurações mostraram que os valores que entravam nas plataformas virtuais das corretoras do grupo (tanto por transferência de criptomoedas quanto por depósitos bancários) eram em grande parte desviados em benefício próprio do líder do conglomerado empresarial, de sua esposa e de outros investigados.
Segundo estimativa feita pelo administrador judicial do processo de recuperação judicial, o valor devido pelo grupo econômico totaliza cerca de R$1,5 bilhão o que diz respeito a mais de sete mil credores.
As investigações da PF apuraram ainda que o líder deste grupo empresarial já havia sido condenado na Suíça pelos crimes de estelionato e falsificação de documentos.
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